Se você está começando a desenvolver aplicações descentralizadas (dApps) ou já tem experiência no ecossistema Ethereum, duas bibliotecas JavaScript são praticamente onipresentes: Ethers.js e Web3.js. Ambas permitem interagir com contratos inteligentes, ler o estado da blockchain e enviar transações, mas cada uma tem filosofia, API e casos de uso distintos. Neste artigo vamos analisar profundamente o que cada biblioteca oferece, comparar suas principais diferenças e indicar quando usar uma ou outra.
1. Visão geral de Ethers.js
Ethers.js foi criada por Richard Moore em 2016 com o objetivo de ser leve, modular e segura. A biblioteca segue boas práticas de tipagem (TypeScript) e fornece um provider enxuto que pode ser conectado a diferentes redes (mainnet, testnets, redes privadas) via JSON‑RPC, Infura, Alchemy ou outros serviços.
- Modularidade: você importa apenas o que realmente usa (por exemplo,
ethers/lib/utils
). - Tipagem forte: o suporte nativo a TypeScript reduz erros em tempo de compilação.
- Segurança: funções de assinatura e hashing são implementadas com bibliotecas auditadas.
2. Visão geral de Web3.js
Web3.js, mantida pela comunidade Ethereum Foundation, é a biblioteca “clássica” que acompanha a maioria dos tutoriais oficiais. Ela oferece uma API mais abrangente, porém menos enxuta, e foi desenvolvida antes da popularização do TypeScript.
- Amplitude: suporte a contratos, contas, filtros de eventos, ENS, BIP‑39 e muito mais.
- Compatibilidade: funciona bem em navegadores antigos e em ambientes Node.js.
- Comunidade: ampla base de exemplos e documentação em ethereum.org.
3. Principais diferenças técnicas
Aspecto | Ethers.js | Web3.js |
---|---|---|
Tamanho do bundle | ≈ 80 KB (gzip) | ≈ 300 KB (gzip) |
Suporte a TypeScript | Completo | Parcial (tipos @types) |
Gerenciamento de Provider | Explícito e configurável | Implícito, menos flexível |
Manipulação de eventos | Listeners baseados em EventEmitter |
Polling tradicional e websockets |
Curva de aprendizado | Mais moderna, porém requer familiaridade com async/await | Mais verbosa, mas com muitos exemplos “copy‑paste” |
4. Quando escolher Ethers.js?
Ethers.js é ideal para projetos que valorizam:
- Performance e tamanho reduzido (aplicações mobile ou front‑ends leves).
- Tipagem estática e segurança de código.
- Integração com serviços modernos como Alchemy, Infura e Alchemy.
Se você está construindo uma dApp que será distribuída em milhares de usuários simultâneos, a leveza do Ethers.js pode melhorar significativamente o tempo de carregamento.
5. Quando escolher Web3.js?
Web3.js ainda faz sentido quando:
- Você depende de tutoriais ou bibliotecas legadas que já utilizam a API do Web3.js.
- Precisa de suporte a recursos mais antigos ou a navegadores que não suportam módulos ES6.
- Quer aproveitar a vasta quantidade de exemplos e snippets disponíveis na comunidade.
6. Integração com outras áreas do ecossistema
Entender a diferença entre essas duas bibliotecas também ajuda a alinhar seu desenvolvimento com outras competências essenciais para a Web3. Por exemplo, dominar Competências necessárias para Web3: o que você precisa dominar em 2025 inclui saber escolher a stack correta, enquanto Marketing em Web3: Estratégias para conquistar o futuro descentralizado exige que seu produto tenha performance e usabilidade impecáveis – aspectos diretamente impactados pela escolha da biblioteca.
7. Boas práticas ao usar Ethers.js ou Web3.js
- Gerencie providers com cuidado: reutilize instâncias ao invés de criar novas a cada chamada.
- Trate erros de forma explícita: use
try/catch
e verifique mensagens de revert. - Cache de ABI: armazene a interface do contrato localmente para evitar múltiplas leituras.
- Teste em testnets: tanto Ropsten quanto Sepolia permitem validar integração antes de ir à mainnet.
8. Conclusão
Não existe uma resposta única para “qual biblioteca é melhor”. A escolha depende do contexto do seu projeto, das necessidades de performance, da equipe e da curva de aprendizado que você está disposto a enfrentar. Se a prioridade for modernidade, tipagem e bundle enxuto, vá de Ethers.js. Se precisar de ampla compatibilidade e aproveitamento de material legado, Web3.js ainda é uma opção sólida.
Independentemente da escolha, dominar ambas as bibliotecas ampliará seu leque de oportunidades no mercado cripto em 2025.