Os scripts do Bitcoin são a espinha‑dorsal que define como as transações são validadas e quem tem o direito de gastar os bitcoins. Embora o termo possa soar técnico, ele funciona como um pequeno programa de computador que verifica se as condições de gasto foram atendidas. Neste artigo, vamos destrinchar o que são os scripts, como eles se estruturam, os tipos mais comuns e por que eles são fundamentais para a segurança e a flexibilidade da rede Bitcoin.
1. Conceito básico de script no Bitcoin
Um script é uma sequência de opcodes (códigos de operação) executados pela rede Bitcoin. Cada transação contém dois scripts principais:
- scriptPubKey (ou locking script): define as condições que devem ser satisfeitas para que os fundos sejam gastos. Ele é inserido na saída da transação.
- scriptSig (ou unlocking script): fornece os dados necessários para cumprir as condições do scriptPubKey. Ele aparece na entrada da transação que tenta gastar os fundos.
Quando um nó verifica a transação, ele concatena o scriptSig com o scriptPubKey e executa a pilha de opcodes. Se a execução terminar com um valor “true”, a transação é considerada válida.
2. Tipos mais comuns de scripts
Os scripts podem variar em complexidade, mas a maioria das transações diárias usa dois tipos principais:
- P2PKH (Pay‑to‑Public‑Key‑Hash): o script bloqueia os fundos para o hash de uma chave pública. O scriptSig precisa apresentar a assinatura correspondente e a chave pública que gera o hash. Este é o padrão clássico usado em carteiras tradicionais.
- P2SH (Pay‑to‑Script‑Hash): permite que o script completo seja armazenado fora‑chain e referenciado apenas por seu hash. Isso habilita funcionalidades avançadas como multisig, timelocks e contratos simples.
Exemplo de scriptPubKey P2PKH:
OP_DUP OP_HASH160 <pubKeyHash> OP_EQUALVERIFY OP_CHECKSIG
Exemplo de scriptPubKey P2SH:
OP_HASH160 <scriptHash> OP_EQUAL
3. Scripts avançados e casos de uso
Além dos padrões acima, desenvolvedores podem criar scripts mais sofisticados, como:
- Multisig (M‑de‑N): requer M assinaturas de um conjunto de N chaves públicas. Ideal para carteiras corporativas ou de custódia.
- Timelocks (CheckLockTimeVerify – CLTV e CheckSequenceVerify – CSV): permitem que os fundos sejam liberados apenas após uma data ou bloco específicos.
- Scripts de contrato simples: combinando opcodes, é possível criar contratos de escrow, pagamentos condicionais e até jogos de aposta.
Esses recursos ampliam a funcionalidade da blockchain sem sacrificar a descentralização, pois toda a lógica permanece on‑chain e verificável por qualquer nó.
4. Por que os scripts são importantes para a segurança?
Os scripts garantem que somente quem possui a chave privada correta ou cumpre as condições predefinidas possa gastar os fundos. Isso impede gastos não autorizados e permite a implementação de mecanismos de proteção, como:
- Assinaturas múltiplas que reduzem o risco de comprometimento de uma única chave.
- Timelocks que evitam a perda de fundos caso a chave seja comprometida antes de uma data limite.
- Contratos de escrow que exigem a cooperação de duas partes para liberar o pagamento.
Para entender melhor como a mineração e o hashrate influenciam a validação das transações, confira nosso artigo O que é o hashrate do Bitcoin? Entenda tudo sobre a potência da rede. Ele complementa a discussão sobre a segurança da rede.
5. Relacionamento com a arquitetura da blockchain
Os scripts são parte integrante da camada de consenso do Bitcoin, mas também impactam a camada de aplicação. Enquanto a arquitetura da blockchain evolui com soluções como sidechains e layer‑2, os scripts continuam sendo a base para definir regras de gasto em qualquer camada.
6. Conclusão
Em resumo, os scripts do Bitcoin são pequenos programas que permitem definir quem pode gastar quais fundos e sob quais condições. Eles são simples o suficiente para garantir alta performance, mas poderosos o bastante para habilitar contratos avançados, multisig, timelocks e muito mais. Entender os scripts é essencial para quem deseja aprofundar-se em desenvolvimento, segurança ou simplesmente usar o Bitcoin de forma mais consciente.
Se você quiser explorar ainda mais o universo da mineração, veja também Entendendo a Dificuldade de Mineração de Bitcoin em 2025, que aborda como a dificuldade e o hashrate interagem com a validação das transações.