Vantagens da Move sobre Solidity: Por que a Nova Linguagem está Redefinindo os Smart Contracts
Nos últimos anos, a linguagem de programação Solidity tem sido o padrão de fato para o desenvolvimento de contratos inteligentes na Ethereum. Contudo, o ecossistema blockchain está em constante evolução e novas linguagens surgem para suprir limitações técnicas, de segurança e de performance. Move, criada inicialmente pelo projeto Libra/Diem (agora Aptos e Sui), tem ganhado destaque por oferecer um conjunto de recursos que prometem tornar os contratos inteligentes mais seguros, escaláveis e fáceis de auditar.
1. Arquitetura de Recursos e Segurança por Design
Uma das principais críticas à Solidity é a propensão a vulnerabilidades como reentrancy, overflow/underflow e erros de lógica que surgem devido à ausência de tipos de recursos explícitos. Move introduz o conceito de recursos (resources) como tipos de primeira classe. Um recurso só pode ser criado, transferido ou destruído de maneira controlada, evitando que valores sejam copiados inadvertidamente.
- Garantia de propriedade única: Cada recurso tem um único proprietário em tempo de execução, eliminando a possibilidade de dupla‑gastos dentro do contrato.
- Controle de mutabilidade: Funções que não alteram o estado são marcadas como
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, enquanto mutações explícitas requerem a posse do recurso. - Verificação estática: O compilador Move verifica a movimentação de recursos em tempo de compilação, reduzindo drasticamente bugs que só seriam detectados em tempo de execução.
Essas garantias tornam a auditoria de contratos Move muito mais simples e confiável quando comparada a Solidity, onde a maioria das verificações de segurança depende de testes e revisões manuais.
2. Modelo de Execução Determinístico e Escalável
Move executa as transações em um modelo de máquina virtual determinístico (Move VM) que oferece duas vantagens críticas:
- Previsibilidade de custos: Cada operação tem um custo de gás predefinido, permitindo que desenvolvedores estimem com precisão o gasto de gas antes da implantação.
- Paralelismo seguro: Como recursos não podem ser duplicados, a VM pode identificar transações que operam em recursos diferentes e executá‑las em paralelo, aumentando o throughput da rede.
Em contraste, a EVM da Ethereum processa transações de forma sequencial, limitando a escalabilidade e tornando a rede vulnerável a congestionamentos de gas.
3. Modularidade e Reusabilidade de Código
Move adota um sistema de módulos que encapsula tipos, recursos e funções em unidades reutilizáveis. Cada módulo pode ser importado por outros contratos, promovendo a prática de code reuse sem a necessidade de copiar‑colar código, prática comum em Solidity que aumenta a superfície de ataque.
Além disso, Move permite a versão de módulos. Quando um módulo é atualizado, a VM garante que as chamadas de contratos antigos ainda são compatíveis ou que a migração seja segura, algo que em Solidity costuma exigir migrações manuais complexas.

4. Ferramentas de Desenvolvimento e Suporte da Comunidade
Embora Solidity tenha um ecossistema maduro (Hardhat, Truffle, Remix), Move está rapidamente fechando esse gap:
- Move CLI e Move Playground fornecem compilação local, testes unitários e depuração.
- Frameworks como Aptos SDK e Sui SDK oferecem bibliotecas em Rust, TypeScript e Python.
- Documentação oficial e tutoriais são mantidos pela Move Developers, com foco em boas práticas de segurança.
Essas ferramentas reduzem a curva de aprendizado e permitem que equipes de desenvolvimento migrem de Solidity para Move com menos atrito.
5. Compatibilidade com Modelos de Governança e Tokenomics Avançados
O modelo de recursos de Move facilita a implementação de tokenomics sofisticados, como:
- Tokens não‑fungíveis (NFTs) com propriedades únicas garantidas pelo tipo recurso.
- Tokens com capabilities que permitem delegar direitos específicos (por exemplo, apenas quem possui a capability de “mint” pode criar novos tokens).
- Modelos de staking e governança onde a posse do recurso de “stake” controla diretamente os direitos de voto.
Esses padrões são mais seguros e menos propensos a exploits do que as abordagens típicas em Solidity, que muitas vezes dependem de variáveis de estado mutáveis e verificações de permissões espalhadas pelo código.
6. Estudos de Caso Relevantes
Projetos como Aptos e Sui já demonstram a viabilidade de Move em produção:
- Aptos lançou sua mainnet com mais de 10.000 contratos Move e registrou throughput de até 160.000 transações por segundo em testes.
- Sui utiliza Move para criar objetos digitais que podem ser modificados independentemente, abrindo caminho para jogos P2E e ativos digitais de alta complexidade.
Esses casos reforçam que Move não é apenas uma linguagem experimental, mas uma plataforma pronta para aplicações de grande escala.

7. Quando Ainda Optar por Solidity?
Apesar das vantagens, Move ainda tem limitações:
- Ecossistema menor de DApps comparado ao Ethereum.
- Menor disponibilidade de auditorias de segurança especializadas.
- Dependência de redes específicas (Aptos, Sui) que ainda não têm o mesmo nível de liquidez que Ethereum.
Portanto, para projetos que precisam de acesso imediato ao maior pool de usuários e liquidez, Solidity continua sendo a escolha mais prática. Contudo, para novos projetos que priorizam segurança, escalabilidade e inovação em tokenomics, Move oferece um caminho promissor.
8. Conclusão
Em resumo, Move traz avanços significativos em segurança, escalabilidade e modularidade que superam várias limitações históricas da Solidity. A adoção crescente de redes como Aptos e Sui demonstra que a comunidade está reconhecendo essas vantagens. Para desenvolvedores que desejam construir contratos inteligentes robustos e prontos para o futuro, estudar e migrar para Move pode ser a estratégia mais inteligente.
Se você ainda não explorou Move, comece pelos recursos oficiais (developers.move.org) e experimente criar seu primeiro módulo no Move Playground. A experiência de desenvolvimento mais segura e a possibilidade de aproveitar o paralelismo da VM podem transformar a forma como você pensa sobre contratos inteligentes.
Para aprofundar seu conhecimento sobre Ethereum e entender as diferenças técnicas entre as duas plataformas, confira nosso guia completo sobre Como funciona o Ethereum. Também recomendamos a leitura do artigo Solana vs Ethereum: Análise Completa das Plataformas de Blockchain para 2025, que traz insights valiosos sobre performance e arquitetura de redes de camada 1.