Tokenização de ativos do mundo real: o que é, como funciona e por que você deve prestar atenção em 2025
A tokenização de ativos do mundo real (Real World Assets – RWA) está se consolidando como uma das maiores inovações financeiras da última década. Ao transformar bens tangíveis – como imóveis, commodities, obras de arte e até dívidas – em tokens digitais registrados em blockchain, abre‑se um universo de oportunidades de liquidez, acessibilidade e transparência nunca antes visto.
1. Conceitos básicos: da tokenização ao RWA
Em termos simples, tokenização consiste em representar digitalmente um ativo físico ou financeiro por meio de um token – um registro criptográfico que pode ser negociado em plataformas de blockchain. Quando esse ativo tem origem fora do universo cripto, falamos de Real World Assets (RWA). O processo envolve três etapas principais:
- Identificação e avaliação do ativo: especialistas determinam o valor de mercado, a titularidade e a documentação legal.
- Estruturação do token: o ativo é dividido em frações digitais (tokens) que obedecem a padrões como ERC‑20 ou ERC‑721, dependendo se são fungíveis ou não‑fungíveis.
- Emissão e custódia: os tokens são emitidos em uma blockchain pública ou permissionada, enquanto a custódia do ativo físico costuma ficar a cargo de uma entidade regulada (custodiante).
Essas etapas criam um bridge entre o mundo tradicional e o ecossistema descentralizado, permitindo que investidores comprem, vendam ou emprestem frações de ativos que antes exigiam grandes capitais ou processos burocráticos demorados.
2. Por que a tokenização está ganhando força em 2025?
Vários fatores convergem para tornar o RWA um tema quente no mercado financeiro:
- Baixa taxa de juros global: investidores buscam alternativas de rendimento real, e ativos reais costumam oferecer maior proteção contra a inflação.
- Avanços regulatórios: autoridades como a SEC e a Comissão Europeia vêm publicando orientações claras sobre tokens de ativos, reduzindo a incerteza jurídica.
- Infraestrutura tecnológica: blockchains de segunda camada (Layer‑2) e protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) oferecem escalabilidade, segurança e custos de transação menores.
- Demanda por liquidez: ativos tradicionalmente ilíquidos, como imóveis ou obras de arte, agora podem ser negociados 24/7 em mercados globais.
Esses pontos são aprofundados em artigos como Tokenização de Ativos: O Futuro dos Investimentos no Brasil e Real World Assets (RWA) em blockchain: Guia Completo 2025, que detalham casos de uso e regulamentação no contexto brasileiro.
3. Principais categorias de RWA tokenizados
A seguir, apresentamos as áreas que mais se beneficiam da tokenização:
3.1 Imóveis residenciais e comerciais
Ao tokenizar um prédio, cada token pode representar, por exemplo, 0,1% da propriedade. Isso permite que pequenos investidores comprem frações de imóveis em cidades globais, diversificando suas carteiras sem precisar de grandes aportes. Plataformas como RealT e Loft estão liderando esse segmento.
3.2 Commodities (ouro, prata, energia)
Tokens lastreados em ouro ou petróleo oferecem exposição ao preço da commodity com a conveniência de um ativo digital. A Investopedia destaca que esses tokens costumam ser auditados periodicamente para garantir a correspondência entre reservas físicas e tokens emitidos.

3.3 Dívidas e recebíveis
Empresas podem emitir tokens que representam direitos de crédito (recebíveis, notas promissórias). Isso abre fontes de financiamento alternativas, reduzindo custos de captação e ampliando o pool de investidores.
3.4 Arte e colecionáveis
Obras de arte de alto valor podem ser fracionadas em NFTs ou tokens fungíveis, permitindo que investidores comprem “pedacinhos” de um quadro de Picasso, por exemplo. Essa prática democratiza o acesso ao mercado de arte.
4. Como funciona a estrutura legal e regulatória
Embora a tokenização traga inovação, ela ainda está sujeita a regras tradicionais de valores mobiliários, direito de propriedade e proteção ao consumidor. Em 2025, os principais marcos regulatórios incluem:
- Regulamentação da SEC (EUA): tokens que conferem direitos econômicos ou de voto podem ser classificados como securities, exigindo registro ou isenção.
- Diretiva MiCA (UE): estabelece requisitos de transparência, capital mínimo e supervisão para “crypto‑assets” e “stablecoins”.
- Resolução do Banco Central do Brasil (BCB): autoriza a emissão de tokens lastreados em ativos reais, desde que haja custódia por instituições autorizadas.
Para navegar nesse cenário, é essencial contar com assessoria jurídica especializada e escolher plataformas que ofereçam auditorias regulares e seguros contra riscos de custódia.
5. Riscos associados à tokenização de ativos reais
Como qualquer investimento, a tokenização tem seus perigos. Os principais são:
- Risco de custódia: se o custodiante falhar, o token pode perder o lastro físico.
- Risco regulatório: mudanças nas leis podem tornar certos tokens não conformes, afetando sua liquidez.
- Risco de mercado: a volatilidade dos preços de ativos subjacentes (ex.: preço do ouro) impacta diretamente o valor dos tokens.
- Risco tecnológico: bugs em smart contracts ou vulnerabilidades de blockchain podem resultar em perdas.
Uma boa prática é diversificar entre diferentes classes de RWA e utilizar protocolos que implementem auditorias de código e seguros de custódia.
6. Estratégias de investimento em RWA
Para quem deseja entrar no mercado de tokenização de ativos reais, considere as seguintes abordagens:
- Investimento direto: compre tokens de um ativo específico (ex.: um imóvel em São Paulo) e mantenha-os como investimento de longo prazo.
- Fundos de RWA: alguns gestores oferecem fundos que agregam diversos tokens, proporcionando diversificação automática.
- Yield farming com RWA: plataformas DeFi permitem emprestar tokens de ativos reais e receber juros, combinando renda fixa com exposição ao ativo subjacente.
- Trading de curto prazo: aproveite a volatilidade de tokens de commodities para operações de day‑trade, lembrando sempre dos custos de gas.
Independentemente da estratégia, é crucial analisar a liquidez do token (volume diário, número de exchanges) e a reputação da plataforma emissora.

7. Casos de sucesso e projetos em destaque
Alguns projetos já demonstram o potencial da tokenização:
- RealT (EUA): tokeniza propriedades residenciais, permitindo que investidores internacionais comprem frações com apenas US$ 50.
- GoldMint (Europa): emite tokens lastreados em ouro físico, auditado mensalmente por laboratórios independentes.
- Maple Finance (DeFi): oferece empréstimos garantidos por tokens de dívida corporativa, combinando RWA e protocolos de lending.
- Artory (global): tokeniza obras de arte, criando um mercado secundário para colecionadores.
Esses exemplos ilustram como a tokenização pode reduzir barreiras de entrada, aumentar a transparência e criar novos modelos de negócios.
8. Como começar a investir em tokens de ativos reais
Segue um passo‑a‑passo prático:
- Educação: familiarize‑se com conceitos de blockchain, smart contracts e regulamentação local.
- Escolha da carteira: utilize wallets compatíveis com tokens ERC‑20/721, como MetaMask ou hardware wallets (ex.: Ledger Nano X).
- Seleção da plataforma: opte por exchanges ou marketplaces reconhecidos, que ofereçam auditorias e seguros de custódia.
- Due Diligence: analise o prospecto do ativo, a reputação do custodiante e as condições de liquidez.
- Compra e monitoramento: adquira os tokens, registre a transação e acompanhe o desempenho via dashboards ou oráculos de preço.
Para aprofundar a compreensão sobre wallets e segurança, veja o artigo Como usar a MetaMask: Guia completo passo a passo.
9. O futuro da tokenização de ativos reais
À medida que a integração entre finanças tradicionais e blockchain avança, espera‑se que:
- Mais bancos adotem protocolos de tokenização para oferecer produtos de investimento híbridos.
- Reguladores criem sandboxes específicos para RWA, facilitando a experimentação controlada.
- O uso de oráculos descentralizados (ex.: Chainlink) melhore a precisão dos preços de ativos subjacentes.
- Surjam novos modelos de governança, como os Soulbound Tokens (SBTs), que podem representar direitos de propriedade não transferíveis.
Em síntese, a tokenização de ativos do mundo real está redefinindo a forma como pensamos sobre propriedade, liquidez e investimento. Quer você seja um investidor institucional, um trader experiente ou alguém que deseja começar com pequenos aportes, entender esse ecossistema será essencial para aproveitar as oportunidades que surgirão nos próximos anos.
Se você ainda tem dúvidas ou quer aprofundar seu conhecimento, explore nossos artigos relacionados, como O Futuro da Web3: Tendências, Desafios e Oportunidades para 2025 e Além, que contextualizam a tokenização dentro da evolução maior da internet descentralizada.