Polymath, Securitize e as plataformas de tokens de segurança: Guia completo para investidores 2025

Polymath, Securitize e as plataformas de tokens de segurança

Nos últimos anos, a tokenização de ativos tem evoluído de forma acelerada, trazendo ao mercado financeiro soluções que combinam a eficiência da blockchain com a rigidez regulatória dos títulos tradicionais. Entre os players que se destacam nesse ecossistema, Polymath e Securitize são, sem dúvidas, duas das plataformas mais influentes quando o assunto são security tokens (tokens de segurança). Este artigo aprofunda o funcionamento dessas soluções, analisa suas diferenças, oportunidades de investimento e os desafios regulatórios que ainda precisam ser superados.

1. O que são tokens de segurança?

Tokens de segurança são representações digitais de ativos financeiros tradicionais – como ações, dívida, imóveis ou fundos – que são emitidos e negociados em blockchain. Diferentemente dos utility tokens, que dão acesso a um produto ou serviço, os security tokens são regulamentados pelos mesmos órgãos que supervisionam os títulos tradicionais (SEC nos EUA, CVM no Brasil, ESMA na Europa, etc.). Isso significa que eles devem cumprir requisitos de divulgação, KYC/AML e, em muitos casos, restrições de venda para investidores qualificados.

Esses tokens trazem benefícios claros:

  • Liquidez: mercados secundários baseados em blockchain podem operar 24/7, permitindo que ativos tradicionalmente ilíquidos sejam negociados com mais frequência.
  • Transparência: todas as transações são registradas em um livro‑raiz imutável, facilitando auditorias e reduzindo custos de compliance.
  • Divisibilidade: é possível fracionar ativos de alto valor (por exemplo, um imóvel) em pequenas frações tokenizadas, ampliando o acesso a investidores menores.

2. Polymath: a camada de compliance para tokenização

Fundada em 2017, a Polymath foi criada com o objetivo de simplificar a emissão de security tokens ao fornecer uma camada de compliance já integrada ao protocolo. Seu principal produto, o Polymath Token Studio, permite que emissores criem tokens ERC‑1400 (uma extensão do padrão ERC‑20 que incorpora regras de transferência e compliance). Algumas características marcantes:

  • ST‑20: padrão proprietário que inclui regras de transferência baseadas em atributos de identidade (KYC/AML), permitindo que apenas investidores aprovados possam comprar ou vender.
  • Polymath Token Creation Service (PTCS): serviço que guia o emissor passo a passo, desde a definição do tipo de token até a integração com provedores de identidade verificadas.
  • Ecossistema de parceiros: integração com corretoras, custodians e provedores de identidade como Jumio e Trulioo.

Um ponto forte da Polymath é a sua abordagem “compliance‑by‑design”. Em vez de deixar a responsabilidade de regulamentação para o usuário final, a plataforma incorpora regras de transferência no próprio contrato inteligente, reduzindo a necessidade de auditorias externas.

3. Securitize: a plataforma full‑stack para security tokens

Enquanto a Polymath foca principalmente no framework de tokenização, a Securitize oferece uma solução end‑to‑end que inclui emissão, gestão de investidores, custodianship e negociação em mercados secundários. A empresa se posiciona como a “Broker‑Dealer da nova era”, sendo a primeira a obter aprovação da SEC como Transfer Agent para security tokens nos EUA.

  • Compliance completo: Securitize opera como um registered broker‑dealer e transfer agent, o que significa que seus tokens já atendem às exigências regulatórias da SEC.
  • Plataforma de emissão: o Securitize Token Offering (STO) permite que emissores criem tokens em poucos cliques, com suporte a múltiplos ativos (equity, dívida, imóveis, fundos).
  • Marketplace secundário: a Securitize Capital oferece um mercado onde investidores podem comprar e vender tokens com liquidez garantida por parceiros como Coinbase Prime e Nasdaq Private Market.

Além disso, a Securitize investe pesado em integração com custodians de nível institucional (por exemplo, Gemini Custody), assegurando que os ativos digitais estejam protegidos por seguros e auditorias regulares.

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Fonte: Erik Mclean via Unsplash

4. Comparativo rápido: Polymath vs. Securitize

Critério Polymath Securitize
Abordagem Framework de compliance + SDK para desenvolvedores Plataforma full‑stack (emissão, custódia, negociação)
Regulação Compliance incorporado ao contrato (ERC‑1400/ST‑20) Broker‑Dealer registrado nos EUA, aprovado pela SEC
Facilidade de uso Requer conhecimento técnico intermediário Interface “no‑code” para emissores não‑técnicos
Mercado secundário Integração via parceiros (ex.: OpenFinance) Securitize Capital + parceiros globais
Custódia Depende de integradores externos Custódia institucional integrada (Gemini, Fireblocks)

Ambas as plataformas são válidas, mas a escolha depende do perfil do emissor. Se a empresa possui um time de desenvolvimento robusto e deseja controle total sobre a lógica de compliance, a Polymath pode ser a melhor opção. Por outro lado, emissores que buscam rapidez, suporte regulatório completo e acesso imediato a um mercado secundário tendem a preferir a Securitize.

5. Como iniciar um Security Token Offering (STO) em 2025

  1. Definir o ativo: escolha entre equity, dívida, imóvel ou outro ativo real. Avalie a estrutura jurídica necessária (SPV, fundo de investimento, etc.).
  2. Selecionar a plataforma: Polymath ou Securitize – considere custo, velocidade e requisitos regulatórios.
  3. Realizar due diligence: contrate advogados especializados em securities law (nos EUA, consulte a SEC).
  4. Implementar KYC/AML: use provedores como Jumio ou Trulioo para validar a identidade dos investidores.
  5. Emitir o token: siga o fluxo da plataforma escolhida, configure as regras de transferência (ex.: apenas investidores qualificados).
  6. Listar no mercado secundário: se estiver usando Securitize, registre o token na Securitize Capital. Caso contrário, procure parceiros como OpenFinance ou tZero.
  7. Comunicação e marketing: elabore um whitepaper detalhado, realize roadshows virtuais e publique anúncios em canais regulados.

Todo o processo deve ser documentado de forma transparente; a auditoria de terceiros (por exemplo, PwC ou Deloitte) pode agregar credibilidade ao seu STO.

6. O papel da tokenização de ativos no Brasil e na Europa

Na América Latina, a tokenização ainda está em fase de adoção, mas projetos como Tokenização de Ativos: O Futuro dos Investimentos no Brasil demonstram que a regulamentação está avançando. A CVM tem emitido orientações específicas sobre STOs, exigindo que os emissores sigam as mesmas regras de divulgação de ofertas públicas tradicionais.

Na Europa, o Regulação de criptomoedas na Europa está sendo consolidada pelo MiCA (Markets in Crypto‑Assets), que traz clareza sobre quais tokens são considerados valores mobiliários. Essa harmonização favorece a expansão de plataformas como Polymath e Securitize, pois reduz a fragmentação regulatória entre os países membros.

Para investidores institucionais, a combinação de compliance europeu e a infraestrutura de custodians de nível global abre portas para fundos de pensão, seguradoras e family offices considerarem security tokens como parte de suas alocações de ativos.

7. Desafios e riscos ainda presentes

Embora o panorama seja promissor, alguns obstáculos ainda precisam ser superados:

Polymath, Securitize e as plataformas de tokens de segurança - although outlook
Fonte: FlyD via Unsplash
  • Interoperabilidade: a maioria dos tokens ainda está restrita a blockchains específicas (Ethereum, Polygon). Soluções de camada‑2 e sidechains ainda precisam provar sua segurança em larga escala.
  • Custódia institucional: embora existam players consolidados, ainda há dúvidas sobre seguros contra perdas cibernéticas e falhas de hardware.
  • Regulação em constante mudança: a SEC dos EUA tem sido agressiva em processos contra ofertas não registradas. O risco regulatório pode impactar a liquidez dos tokens.
  • Mercado secundário ainda incipiente: apesar do crescimento de plataformas como Securitize Capital, a profundidade de ordem ainda é limitada comparada a bolsas tradicionais.

Investidores devem conduzir due diligence rigorosa, considerar a reputação da plataforma emissora e, se possível, diversificar entre diferentes projetos e jurisdições.

8. Tendências para 2026 e além

Algumas tendências que provavelmente moldarão o futuro dos security tokens:

  1. Tokenização de Real World Assets (RWA): imóveis, commodities e até direitos de royalties deverão ser tokenizados em massa, impulsionados por iniciativas como Real World Assets (RWA) em blockchain.
  2. Integração com DeFi: protocolos de empréstimo e yield farming começarão a aceitar security tokens como colateral, desde que cumpram requisitos de KYC.
  3. Uso de identidade descentralizada (DID): a adoção de Identidade Descentralizada (DID) reduzirá a fricção no processo de verificação de investidores.
  4. Regulação harmonizada: com a implementação do MiCA na UE e a crescente clareza da SEC, espera‑se que mercados transfronteiriços de security tokens ganhem escala.

Essas evoluções podem transformar a forma como empresas levantam capital e como investidores diversificam suas carteiras, tornando a tokenização um componente central da estratégia de investimento institucional.

9. Conclusão

Polymath e Securitize representam duas abordagens complementares para a tokenização de ativos regulados. Enquanto a Polymath oferece um framework de compliance flexível e orientado a desenvolvedores, a Securitize entrega uma solução pronta para uso, com registro junto à SEC e acesso imediato a mercados secundários. A escolha entre elas dependerá do nível de sofisticação da equipe emissora, da urgência do lançamento e da necessidade de suporte regulatório completo.

Para investidores que buscam exposição a esse novo universo, recomenda‑se analisar criteriosamente o prospecto da oferta, verificar a reputação da plataforma emissora e acompanhar as mudanças regulatórias nos principais mercados (EUA, UE e Brasil). A tokenização de ativos ainda está em sua infância, mas o caminho está traçado: mais liquidez, maior transparência e, sobretudo, a democratização do acesso a investimentos antes restritos a poucos.

Se você deseja aprofundar seu conhecimento sobre tokenização, confira também nossos artigos sobre Tokenização de Ativos: O Futuro dos Investimentos no Brasil e Guia Completo de Finanças Descentralizadas (DeFi). Eles fornecem uma base sólida para entender como os security tokens se inserem no ecossistema DeFi e nas estratégias de investimento institucional.