Bibliotecas JavaScript Essenciais para Interagir com a Blockchain em 2025
O ecossistema blockchain evoluiu rapidamente nos últimos anos, e a camada de aplicação – onde desenvolvedores criam dApps (aplicativos descentralizados) – tem sido impulsionada principalmente por bibliotecas JavaScript. Estas ferramentas permitem que você se conecte a redes como Ethereum, Binance Smart Chain, Polygon e outras, envie transações, leia estados de contratos inteligentes e até mesmo integre funcionalidades avançadas como oráculos e identidade descentralizada.
Por que escolher JavaScript para desenvolver na blockchain?
JavaScript continua sendo a linguagem mais usada na web. Sua popularidade traz três grandes vantagens para desenvolvedores de blockchain:
- Facilidade de integração com front‑ends web: a maioria dos dApps possui interfaces de usuário construídas em React, Vue ou Angular, que já utilizam JavaScript.
- Ecossistema rico de bibliotecas e ferramentas: desde clientes RPC leves até SDKs completos para contratos inteligentes.
- Comunidade global: tutoriais, exemplos e suporte em fóruns como Stack Overflow, Discord e GitHub.
Se você já desenvolve aplicações web, migrar para o universo Web3 é mais simples do que imagina. A seguir, vamos analisar as bibliotecas mais relevantes, como escolher a melhor para seu caso e boas práticas de segurança.
1. Web3.js – A biblioteca clássica
Web3.js foi a primeira biblioteca JavaScript de grande sucesso para interagir com a Ethereum Virtual Machine (EVM). Ela oferece métodos para:
- Conectar a nós Ethereum via HTTP, WebSocket ou IPC.
- Consultar o estado da blockchain (blocos, transações, logs).
- Assinar e enviar transações.
- Interagir com contratos inteligentes através de ABIs.
A API é bastante verbosa, mas a documentação oficial (https://web3js.readthedocs.io) cobre a maioria dos casos de uso. A versão 1.x continua recebendo atualizações, mas há quem prefira alternativas mais modernas devido ao peso e à complexidade de algumas chamadas.
Quando usar Web3.js?
Web3.js é indicado quando você precisa de compatibilidade máxima com projetos legados ou quando está trabalhando com frameworks que já o incluem como dependência padrão (por exemplo, Truffle). Também é útil para quem deseja um controle fino sobre cada chamada RPC.
2. Ethers.js – Leve, moderna e segura
Ethers.js foi criada como resposta às limitações percebidas no Web3.js. Ela se destaca por:
- Baixo tamanho de bundle: ideal para aplicações front‑end que precisam carregar rapidamente.
- Tipagem TypeScript nativa: melhora a experiência de desenvolvimento e reduz bugs.
- Abordagem orientada a providers e signers: separa claramente quem fornece acesso à rede e quem assina transações.
- Suporte a múltiplas redes (Ethereum, Polygon, BSC, Avalanche, etc.) sem configuração adicional.
Um exemplo típico de uso:

import { ethers } from "ethers";
const provider = new ethers.providers.InfuraProvider("homestead", INFURA_API_KEY);
const wallet = new ethers.Wallet(PRIVATE_KEY, provider);
const contract = new ethers.Contract(CONTRACT_ADDRESS, ABI, wallet);
await contract.myFunction(arg1, arg2);
Além disso, a biblioteca inclui utilitários para manipular unidades (wei, gwei, ether), gerar hashes, validar endereços e muito mais.
Quando escolher Ethers.js?
Ethers.js é a escolha recomendada para novos projetos, especialmente aqueles que utilizam React ou Vue e precisam de um bundle enxuto. A tipagem forte também a torna a favorita entre desenvolvedores que adotam TypeScript.
3. Viem – A nova geração focada em segurança e desempenho
Viem (pronuncia‑se “wee‑em”) é um SDK recente mantido pela equipe da Viem Labs. Ela combina o melhor de Ethers.js e Web3.js, oferecendo:
- API funcional e imutável, reduzindo efeitos colaterais.
- Suporte nativo a multicall e batch requests, essencial para reduzir custos de RPC.
- Integração direta com wagmi, um conjunto de hooks React para Web3.
Embora ainda esteja em fase de adoção, projetos que priorizam performance em consultas massivas (por exemplo, dashboards de DeFi) já estão migrando para Viem.
4. Bibliotecas auxiliares: Oráculos, Identidade e Tokens
Além das bibliotecas genéricas, o desenvolvimento Web3 frequentemente exige integração com serviços específicos:
- Chainlink SDK – Permite consumir dados off‑chain de forma segura. Documentação: Chainlink Docs.
- WalletConnect – Conecta dApps a carteiras móveis via QR code. Mais detalhes em WalletConnect.org.
- OpenZeppelin Contracts (via npm) – Implementações padrão de ERC‑20, ERC‑721 e ERC‑1155, facilitando a criação de tokens.
5. Como escolher a biblioteca ideal?
Não existe uma resposta única; a decisão depende de fatores técnicos e de negócio. Use a tabela abaixo como guia rápido:
| Critério | Web3.js | Ethers.js | Viem |
|---|---|---|---|
| Tamanho do bundle | Grande | Pequeno | Muito pequeno |
| Suporte TypeScript | Parcial | Completo | Completo |
| Facilidade de uso | Moderada | Alta | Alta |
| Features avançadas (multicall, batch) | Limitado | Moderado | Avançado |
| Comunidade / Docs | Ampla | Ampla e crescente | Crescente |
6. Boas práticas de segurança ao usar bibliotecas JavaScript
- Never expose private keys in the front‑end. Use signers que estejam dentro de extensões como MetaMask ou hardware wallets.
- Valide sempre os dados recebidos da blockchain. Mesmo que uma chamada RPC retorne um número, confirme que ele está dentro do intervalo esperado.
- Use conexões HTTPS ou WSS ao se comunicar com nós públicos (Infura, Alchemy, QuickNode).
- Limite chamadas RPC para evitar rate‑limits e custos inesperados.
- Mantenha as dependências atualizadas. Vulnerabilidades em pacotes como
axiospodem comprometer seu dApp.
7. Integração prática: Criando um dApp simples com Ethers.js e MetaMask
Para demonstrar a aplicação prática, vamos criar um mini‑dApp que permite ao usuário consultar o saldo de um endereço Ethereum e enviar ether para outro endereço. O fluxo será:
- Detectar a presença da MetaMask no navegador.
- Conectar ao provedor da MetaMask.
- Exibir o saldo atual.
- Permitir a entrada de endereço e valor e enviar a transação.
Segue o código simplificado (React + Ethers.js):

import React, { useEffect, useState } from "react";
import { ethers } from "ethers";
function App() {
const [provider, setProvider] = useState(null);
const [signer, setSigner] = useState(null);
const [balance, setBalance] = useState("0");
const [dest, setDest] = useState("");
const [amount, setAmount] = useState("");
useEffect(() => {
if (window.ethereum) {
const ethProvider = new ethers.providers.Web3Provider(window.ethereum);
setProvider(ethProvider);
ethProvider.send("eth_requestAccounts", []).then(() => {
const ethSigner = ethProvider.getSigner();
setSigner(ethSigner);
ethSigner.getAddress().then(addr => {
ethProvider.getBalance(addr).then(bal => {
setBalance(ethers.utils.formatEther(bal));
});
});
});
} else {
alert("MetaMask não detectada!");
}
}, []);
const sendTx = async () => {
if (!signer) return;
const tx = await signer.sendTransaction({
to: dest,
value: ethers.utils.parseEther(amount)
});
await tx.wait();
alert("Transação confirmada!");
};
return (
Saldo: {balance} ETH
setDest(e.target.value)} />
setAmount(e.target.value)} />
);
}
export default App;
Este exemplo demonstra como a combinação de Ethers.js e MetaMask simplifica a interação com a blockchain diretamente do navegador.
8. Recursos avançados e o futuro das bibliotecas JavaScript
À medida que o Web3 amadurece, surgem novas demandas:
- Camadas de escalabilidade (Layer‑2): bibliotecas como zkSync e Arbitrum já disponibilizam SDKs JavaScript para enviar transações com custos reduzidos.
- Identidade Descentralizada (DID): projetos como Ceramic oferecem APIs JavaScript para gerenciar identidades auto‑soberanas.
- Real World Assets (RWA) e tokenização de ativos: integração com protocolos como Centrifuge requer bibliotecas específicas para lidar com NFTs de ativos reais.
Ficar atento a esses desenvolvimentos garante que seu dApp continue competitivo e pronto para novas oportunidades.
Conclusão
As bibliotecas JavaScript são a ponte que conecta desenvolvedores à poderosa infraestrutura blockchain. Web3.js oferece compatibilidade legada, Ethers.js traz leveza e tipagem, enquanto Viem abre caminho para performance avançada. Combine-as com ferramentas de identidade, oráculos e camadas de escalabilidade para criar aplicações robustas, seguras e prontas para o futuro do Web3.
Se você está iniciando, recomendamos começar com Ethers.js e MetaMask; para projetos mais complexos ou que demandam consultas massivas, explore Viem e os SDKs de Layer‑2. Não esqueça de seguir as boas práticas de segurança e manter suas dependências sempre atualizadas.
Para aprofundar ainda mais, confira nossos guias relacionados:
- Como usar a MetaMask: Guia completo passo a passo para iniciantes e avançados
- Como funciona o Ethereum: Guia completo para entender a blockchain, contratos inteligentes e seu ecossistema
- O que é Web3? Guia Completo, Tecnologias e Perspectivas para 2025
Com as ferramentas certas, você estará pronto para transformar ideias inovadoras em aplicações descentralizadas que realmente impactam o mercado.