A linguagem mais popular para escrever smart contracts na EVM
Desde o lançamento do Ethereum em 2015, a EVM (Ethereum Virtual Machine) tornou‑se o padrão de facto para a execução de contratos inteligentes (smart contracts). Entre as diversas linguagens criadas para programar na EVM, Como funciona o Ethereum: Guia completo para entender a blockchain, contratos inteligentes e seu ecossistema destaca Solidity como a mais adotada, consolidando‑se como a linguagem oficial da comunidade.
História e evolução da Solidity
Solidity foi criada por Gavin Wood e a equipe da Ethereum Foundation em 2014, inspirada em linguagens como JavaScript, C++ e Python. Seu objetivo era oferecer uma sintaxe familiar a desenvolvedores web, facilitando a transição para o mundo descentralizado.
Ao longo dos anos, a linguagem recebeu atualizações constantes (versões 0.4.x, 0.5.x, 0.6.x, 0.7.x, 0.8.x) que introduziram recursos de segurança, otimizações de gas e novas funcionalidades de tipagem. A documentação oficial (https://docs.soliditylang.org) é o ponto de referência para quem deseja acompanhar as mudanças.
Por que Solidity se tornou a escolha dominante?
- Ecossistema robusto: a maioria das ferramentas de desenvolvimento (Truffle, Hardhat, Remix) e bibliotecas (OpenZeppelin) são construídas em torno de Solidity.
- Amplamente suportada: todas as principais redes compatíveis com EVM – Ethereum, Binance Smart Chain, Polygon, Avalanche – aceitam bytecode compilado a partir de Solidity.
- Comunidade ativa: milhares de desenvolvedores contribuem, criam tutoriais e mantêm pacotes open‑source.
- Documentação e recursos educacionais: cursos, workshops e guias, como O que é a Binance Smart Chain (BSC) – Guia Completo 2025, facilitam a aprendizagem.
Comparação rápida: Solidity vs. Vyper vs. Yul
Embora Solidity seja a líder, existem alternativas que atendem a nichos específicos:
| Linguagem | Paradigma | Principais vantagens | Desvantagens |
|---|---|---|---|
| Solidity | Orientada a objetos | Ecossistema maduro, ampla adoção | Curva de aprendizado moderada, algumas armadilhas de segurança históricas |
| Vyper | Estilo Python | Sintaxe simples, foco em segurança | Menos recursos, menor comunidade |
| Yul | Assembly de baixo nível | Controle máximo de gas, ideal para otimizações avançadas | Complexidade alta, menos legível |
Estrutura básica de um contrato Solidity
A seguir, um exemplo minimalista que demonstra a sintaxe e os componentes principais:

“`solidity
pragma solidity ^0.8.20;
/**
* @title SimpleStorage
* @dev Armazena um número inteiro na blockchain.
*/
contract SimpleStorage {
uint256 private value;
event ValueChanged(uint256 newValue);
function set(uint256 _value) public {
value = _value;
emit ValueChanged(_value);
}
function get() public view returns (uint256) {
return value;
}
}
“`
Observe o uso de pragma solidity ^0.8.20 para definir a versão mínima do compilador, a declaração de estado uint256 private value, e os eventos que facilitam a indexação pelos exploradores de blocos.
Ferramentas indispensáveis para desenvolvedores Solidity
- Remix IDE: ambiente online que permite compilar, testar e depurar contratos rapidamente.
- Hardhat: framework de desenvolvimento avançado com suporte a scripts, testes automatizados e integração de plugins.
- OpenZeppelin Contracts: biblioteca padrão de contratos seguros e auditados (ERC20, ERC721, AccessControl).
- Ethers.js / Web3.js: bibliotecas JavaScript para interação com a EVM a partir de aplicações front‑end.
Segurança em Solidity: boas práticas
A segurança continua sendo a maior preocupação ao escrever contratos inteligentes. Algumas práticas recomendadas incluem:
- Utilizar a versão mais recente do compilador e habilitar
pragma solidity ^0.8.0para aproveitar os checks de overflow. - Reusar contratos auditados da OpenZeppelin ao invés de reinventar a roda.
- Aplicar o padrão Checks‑Effects‑Interactions para evitar reentrancy.
- Realizar auditorias externas e usar ferramentas de análise estática como Slither ou MythX.
Casos de uso reais impulsionados por Solidity
Do DeFi ao NFT, a maioria dos projetos de grande escala foi desenvolvida em Solidity:
- Uniswap: protocolo de exchange descentralizada (DEX) que revolucionou a liquidez automática.
- OpenSea: marketplace de NFTs que utiliza contratos ERC‑721 e ERC‑1155.
- Aave: plataforma de empréstimos e rendimentos que introduziu o conceito de “flash loans”.
Esses exemplos mostram como a linguagem permite criar logicamente complexas que permanecem executáveis em todas as redes EVM.

Como iniciar sua jornada em Solidity
Se você já tem experiência em JavaScript ou Python, a transição para Solidity será natural. Siga estes passos:
- Estude a documentação oficial (https://docs.soliditylang.org).
- Complete tutoriais práticos no Remix e implemente contratos simples.
- Explore projetos de código aberto no GitHub, como os da OpenZeppelin.
- Participe de hackathons e comunidades Discord/Telegram para trocar conhecimento.
Futuro da linguagem Solidity
Com a evolução da EVM 2.0, a ethereum.org anuncia melhorias de eficiência e menor consumo de gas. A comunidade Solidity já está trabalhando em recursos como:
- Tipos de dados avançados (structs genéricos, arrays dinâmicos mais seguros).
- Suporte a ABI Encoder V2 aprimorado para melhor interoperabilidade.
- Ferramentas de verificação formal integradas ao fluxo de compilação.
Essas inovações reforçam a posição de Solidity como a linguagem de escolha para desenvolver na EVM nos próximos anos.
Conclusão
Embora existam alternativas, Solidity permanece a linguagem mais popular para escrever smart contracts na EVM devido ao seu ecossistema maduro, suporte multiplataforma e comunidade vibrante. Dominar Solidity abre portas para oportunidades em DeFi, NFTs, jogos Play‑to‑Earn e muito mais.