O que são os tokens ERC‑721? Guia Completo para Entender NFTs na Blockchain Ethereum

O que são os tokens ERC‑721?

Os tokens ERC‑721 são um padrão de contrato inteligente na blockchain Ethereum que permite a criação de ativos digitais não fungíveis (NFTs). Ao contrário dos tokens fungíveis, como o Ether (ETH) ou os ERC‑20, cada token ERC‑721 possui um identificador único, garantindo que ele seja indivisível e exclusivo. Essa característica possibilita representar obras de arte digitais, colecionáveis, imóveis virtuais, certificados e muito mais.

1. Origem e evolução do padrão ERC‑721

O padrão foi proposto pela primeira vez em 2017 por Ethereum Improvement Proposal (EIP) 721, liderada por William Entriken, Dieter Shirley, Jacob Evans e Nastassia Sachs. Desde então, o ERC‑721 tornou‑se a espinha dorsal da explosão dos NFTs, sendo adotado por projetos como CryptoPunks, Decentraland, Axie Infinity e inúmeros marketplaces.

1.1 Diferença entre fungível e não fungível

  • Fungível: Cada unidade é intercambiável (ex.: 1 ETH = outro 1 ETH).
  • Não fungível: Cada unidade tem atributos exclusivos que a diferenciam (ex.: um quadro digital único).

2. Estrutura técnica do ERC‑721

Um contrato ERC‑721 deve implementar um conjunto de funções e eventos definidos na especificação. As principais são:

  • balanceOf(address owner) – retorna quantos NFTs o endereço possui.
  • ownerOf(uint256 tokenId) – devolve o proprietário de um token específico.
  • transferFrom(address from, address to, uint256 tokenId) – transfere a propriedade.
  • approve(address to, uint256 tokenId) – autoriza outro endereço a transferir o token.
  • setApprovalForAll(address operator, bool _approved) – autoriza um operador para todos os tokens.
  • Eventos Transfer, Approval e ApprovalForAll para rastreamento.

Além dessas, o padrão pode ser estendido com metadata (EIP‑721) e enumerable (EIP‑721) para facilitar a consulta de informações como nome, descrição e URL da imagem.

2.1 Metadados e URI

Cada token possui um tokenURI que aponta para um JSON contendo metadados (nome, descrição, atributos, link da mídia). Essa abordagem permite que os NFTs sejam “ligados” a arquivos armazenados em IPFS, Arweave ou servidores centralizados.

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Fonte: Traxer via Unsplash

3. Como criar um token ERC‑721?

Para desenvolvedores, a forma mais simples é utilizar bibliotecas consolidadas como OpenZeppelin Contracts. Um exemplo básico em Solidity:

pragma solidity ^0.8.0;
import "@openzeppelin/contracts/token/ERC721/extensions/ERC721URIStorage.sol";
import "@openzeppelin/contracts/utils/Counters.sol";

contract MeuNFT is ERC721URIStorage {
    using Counters for Counters.Counter;
    Counters.Counter private _tokenIds;

    constructor() ERC721("MeuNFT", "MNFT") {}

    function mint(address to, string memory uri) public returns (uint256) {
        _tokenIds.increment();
        uint256 newItemId = _tokenIds.current();
        _safeMint(to, newItemId);
        _setTokenURI(newItemId, uri);
        return newItemId;
    }
}

Esse contrato já implementa todas as funções essenciais do ERC‑721, permitindo que qualquer pessoa crie NFTs enviando a URI do metadado.

4. Aplicações práticas dos tokens ERC‑721

Os NFTs já deixaram de ser apenas obras de arte digitais. Alguns casos de uso relevantes incluem:

  1. Arte e colecionáveis digitais – Obras únicas vendidas em marketplaces como OpenSea e Rarible.
  2. Jogos Play‑to‑Earn (P2E) – Personagens, skins e itens que podem ser negociados entre jogadores. Veja nosso Guia de Jogos Play‑to‑Earn em Portugal para mais detalhes.
  3. Identidade e credenciais – Diplomas, certificados de participação e identidades digitais.
  4. Imóveis virtuais e metaverso – Terrenos e construções em plataformas como Decentraland e The Sandbox.
  5. Finanças descentralizadas (DeFi) – Garantias colaterais tokenizadas, como NFTs de arte usados como empréstimo.

4.1 NFTs e o mercado brasileiro

O Brasil tem se destacado na adoção de NFTs, com artistas, músicos e até clubes de futebol lançando coleções próprias. A regulamentação ainda está em desenvolvimento, mas o potencial de valorização e de novas fontes de renda é significativo.

5. Comparação entre ERC‑721 e ERC‑1155

Embora o ERC‑721 seja o padrão clássico, o ERC‑1155 permite a criação de tokens semi‑fungíveis, combinando a eficiência de transações múltiplas em um único contrato. Em projetos que exigem tanto NFTs quanto tokens fungíveis (ex.: itens consumíveis de jogos), o ERC‑1155 costuma ser mais econômico.

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Fonte: Traxer via Unsplash

6. Segurança e boas práticas

Como qualquer contrato inteligente, os ERC‑721 podem ser alvos de vulnerabilidades. Recomenda‑se:

  • Utilizar bibliotecas auditadas (OpenZeppelin).
  • Aplicar a checks‑effects‑interactions pattern.
  • Realizar auditorias externas antes de lançar em produção.
  • Armazenar metadados em sistemas descentralizados (IPFS, Arweave) para garantir imutabilidade.

Para aprofundar a segurança, consulte nosso Guia Definitivo de Segurança de Criptomoedas.

7. Futuro dos tokens ERC‑721

Com a evolução das Layer‑2 (Polygon, Arbitrum) e a chegada de Ethereum 2.0, espera‑se que as taxas de gas diminuam, tornando os NFTs ainda mais acessíveis. Além disso, a integração com identidade descentralizada (DID) e Soulbound Tokens (SBT) abre novas possibilidades para credenciais não transferíveis.

Em resumo, os tokens ERC‑721 são a base tecnológica que transformou a ideia de propriedade digital, criando um mercado vibrante de ativos únicos. Seja você colecionador, artista ou desenvolvedor, entender esse padrão é essencial para navegar no ecossistema Web3.

Recursos adicionais