SegWit: O que é, como funciona e por que revolucionou a escalabilidade do Bitcoin

SegWit: O que é, como funciona e por que revolucionou a escalabilidade do Bitcoin

Desde o surgimento do Bitcoin em 2009, a rede tem enfrentado um dilema clássico: como aumentar a capacidade de transações sem sacrificar a segurança e a descentralização. A solução encontrada em 2017, conhecida como Segregated Witness (SegWit), mudou profundamente a forma como as transações são armazenadas e verificadas. Neste artigo aprofundado, vamos explorar o que realmente é o SegWit, seu funcionamento técnico, impactos na rede e como ele se relaciona com outras soluções de escalabilidade.

1. Entendendo o problema: o blocksize e o malleability

Antes do SegWit, cada bloco da blockchain do Bitcoin tinha um limite rígido de 1 MB. Esse limite impedia que a rede processasse mais de ~7 transações por segundo, gerando congestionamento e taxas elevadas em períodos de alta demanda. Além disso, o protocolo sofria de transaction malleability, um fenômeno que permitia alterar levemente o identificador (TXID) de uma transação antes de sua confirmação, dificultando a construção de contratos inteligentes e soluções de segunda camada.

2. O que é SegWit?

SegWit, abreviação de Segregated Witness, é uma atualização de consenso (soft fork) que separa o witness (dados de assinatura) do corpo principal da transação. Ao mover as assinaturas para um novo espaço de dados, o tamanho efetivo das transações diminui, permitindo que mais delas sejam incluídas em um bloco sem mudar o limite de 1 MB. O resultado é um tamanho máximo de bloco de 4 MB em termos de weight units, mas mantendo a compatibilidade com versões anteriores.

2.1 Como funciona tecnicamente?

  1. Separação do witness: As assinaturas (witness) são armazenadas em uma estrutura separada ao final da transação.
  2. Cálculo do weight: Cada byte do corpo da transação conta como 4 unidades de peso, enquanto cada byte do witness conta como 1 unidade. Assim, transações com grande parte das assinaturas ficam mais leves.
  3. Compatibilidade: Nós antigos que não reconhecem o novo formato simplesmente ignoram o campo witness, mantendo a rede coesa.

Essa mudança não só aumentou a capacidade, como também eliminou a malleability, permitindo o desenvolvimento de soluções como a Lightning Network.

3. Impactos do SegWit na prática

Desde sua ativação em 23 de agosto de 2017, o SegWit trouxe benefícios concretos:

  • Maior número de transações por bloco: Blocos com até 2 MB de dados efetivos são comuns, dobrando a capacidade.
  • Redução de taxas: Usuários que optam por endereços SegWit (bech32) pagam menos satoshis por byte.
  • Base para a Lightning Network: A eliminação da malleability foi crucial para a implantação de canais de pagamento off‑chain.
  • Facilidade de adoção de outras soluções de camada 2: Projetos como Lightning Network e Blockstream se beneficiam diretamente.

4. SegWit vs. outras abordagens de escalabilidade

Embora o SegWit seja uma solução poderosa, ele não resolve todos os desafios de escalabilidade. Outras propostas incluem:

O que é o
Fonte: Ricardo Loaiza via Unsplash
  • Hard Forks de aumento de bloco: Como o Hard Fork: O que é, como funciona e seu impacto nas criptomoedas, que altera o tamanho máximo do bloco.
  • Sidechains e parachains: Projetos como Polygon (MATIC) ou Polkadot criam cadeias auxiliares para aliviar a carga da mainnet.
  • Provas de participação (PoS): Redes como Cardano e Solana oferecem maior throughput ao mudar o consenso.

Entretanto, o SegWit continua sendo a base mais amplamente adotada dentro do ecossistema Bitcoin, e sua compatibilidade com Proof‑of‑Work (PoW) garante que a segurança da rede não seja comprometida.

5. Como usar endereços SegWit

Existem três formatos de endereços compatíveis com SegWit:

  1. P2SH‑wrapped SegWit (endereços que começam com “3”): Compatíveis com a maioria das carteiras antigas.
  2. Bech32 (endereços que começam com “bc1”): Formato nativo, menor custo de taxa e melhor legibilidade.
  3. Native SegWit (P2WPKH/P2WSH) em carteiras avançadas.

Para começar, basta escolher uma carteira que suporte bech32 – como MetaMask (em modo Ethereum) ou carteiras Bitcoin específicas – e gerar um novo endereço.

6. Segurança e boas práticas

Embora o SegWit reduza a malleability, ainda é fundamental adotar boas práticas de segurança:

  • Use carteiras de hardware como Ledger ou Trezor.
  • Mantenha backups de seed phrases em local seguro.
  • Verifique sempre o endereço de recebimento antes de enviar fundos.

7. Futuro do SegWit e da escalabilidade Bitcoin

O SegWit não é o último passo. A comunidade Bitcoin continua a pesquisar e implementar melhorias, como TAPROOT (ativada em 2021), que traz privacidade avançada e ainda mais eficiência para contratos inteligentes. A combinação de SegWit + TAPROOT + Lightning Network cria um ecossistema robusto capaz de atender a milhões de transações diárias.

O que é o
Fonte: Tim Oun via Unsplash

Em resumo, o SegWit responde a duas das maiores limitações do Bitcoin – capacidade de bloco e malleability – e abre caminho para inovações de camada 2 que podem tornar a rede verdadeiramente global.

Conclusão

Se você ainda não utiliza endereços SegWit, está perdendo em custos e velocidade. A adoção continua crescendo, e a maioria das exchanges já suporta o formato bech32. Entender como o SegWit funciona e suas implicações é essencial para qualquer investidor ou desenvolvedor que queira operar de forma eficiente no universo Bitcoin.

Para aprofundar ainda mais, recomendamos a leitura de artigos complementares como Hard Fork: O que é, como funciona e seu impacto nas criptomoedas e Segurança de Criptomoedas: Guia Definitivo para Proteger seus Ativos Digitais em 2025.

Referências externas de autoridade: