O que é um Token Não Fungível Semi‑Fungível (SFT)?
Um Token Semi‑Fungível (SFT) combina características de tokens fungíveis (como o Bitcoin ou o Ether) e de tokens não fungíveis (NFTs). Enquanto um token fungível pode ser trocado por outro de mesmo tipo e valor, e um NFT é único e indivisível, o SFT começa como um lote de unidades intercambiáveis e, ao atingir determinadas condições, cada unidade pode se tornar única e com atributos exclusivos.
Como funciona na prática?
Imagine um ingresso digital para um festival. No momento da compra, todos os ingressos são iguais – fungíveis. Quando o evento acontece, cada ingresso recebe um selo que identifica a cadeira, o horário e até um benefício exclusivo (acesso ao backstage, por exemplo). Nesse ponto, o ingresso deixa de ser fungível e passa a ter propriedades individuais, tornando‑se um SFT.
Principais diferenças entre SFT, NFT e token fungível
- Fungibilidade: Tokens fungíveis são intercambiáveis; NFTs são totalmente únicos; SFTs são fungíveis até um evento que os diferencia.
- Divisibilidade: Tokens fungíveis podem ser fracionados; NFTs geralmente não; SFTs podem ser divididos inicialmente, mas podem se tornar indivisíveis após a “mutação”.
- Casos de uso: Criptomoedas padrão, colecionáveis, ingressos, certificados de propriedade, itens de jogos que evoluem.
Por que os SFTs são importantes para o ecossistema Web3?
Os SFTs trazem flexibilidade para desenvolvedores e usuários:
- Escalabilidade de custos: Emitir um lote de tokens como fungíveis reduz o gasto de gas comparado a criar milhares de NFTs individuais.
- Experiências dinâmicas: Projetos de jogos podem transformar itens comuns em itens raros conforme o jogador progride.
- Integração com governança: Um token pode começar como recompensa de participação (fungível) e, ao atingir metas, se transformar em um badge de governança exclusivo.
Exemplos reais e projetos que já utilizam SFTs
Alguns projetos pioneiros estão explorando o modelo SFT:
- Ingressos de eventos que se transformam em memorabilia digital.
- Itens de jogos que evoluem de “comum” para “raro” após conquistas.
- Certificados de conclusão de cursos que começam como tokens padronizados e, ao final, recebem atributos que comprovam a especialização.
Como criar um SFT?
Para desenvolvedores, a criação de um SFT segue os padrões de token ERC‑1155 da Ethereum Token Standards. O ERC‑1155 permite que um contrato inteligente gerencie múltiplos tipos de token (fungíveis e não fungíveis) dentro do mesmo endereço, facilitando a transição de estado.
Passos básicos:
- Definir a lógica de “mutação”: quais eventos ou condições transformam o token.
- Implementar o contrato usando a biblioteca OpenZeppelin ERC1155.
- Testar em uma rede de teste (Goerli, Sepolia) antes de lançar na mainnet.
Relação com outros tipos de tokens
Os SFTs podem interagir com Tokens de governança, permitindo que usuários que possuam SFTs evoluídos ganhem direitos de voto adicionais. Além disso, criadores de conteúdo que utilizam NFTs para escritores podem oferecer versões iniciais de suas obras como SFTs, que se transformam em NFTs exclusivos após a publicação completa.
Outra categoria relacionada são os Soulbound Tokens (SBT), que são tokens não transferíveis vinculados a identidade. Enquanto SBTs são estáticos, SFTs podem mudar de estado, oferecendo um leque maior de possibilidades de design de produto.
Desafios e considerações de segurança
Como qualquer contrato inteligente, a lógica de mutação deve ser auditada para evitar vulnerabilidades que permitam a transformação não autorizada de tokens. Recomenda‑se o uso de ferramentas de análise estática e auditorias externas.
Recursos adicionais
Para aprofundar o tema, consulte a Wikipedia – Semi‑fungible token, que traz uma visão geral das especificações técnicas e casos de uso emergentes.
Conclusão
Os Tokens Semi‑Fungíveis (SFT) representam uma evolução natural dos modelos de tokenização, combinando eficiência econômica com a possibilidade de criar experiências dinâmicas e personalizadas. À medida que o ecossistema Web3 amadurece, espera‑se que os SFTs desempenhem um papel central em setores como entretenimento, educação, jogos e governança descentralizada.